Mote: as relações de amizade não beneficiam com comportamentos ignorantes a respeito do que ela efetivamente significa.
Ignorar que uma amizade tem de ser nutrida como qualquer entidade orgânica é um "tiro no pé" de quem apregoa que tem amigos. É quase a mesma coisa que comer os cereais mais calóricos e carregados de açúcar com leite magro, afirmando que há uma clara preocupação com a linha.
À medida que os anos passam, as amizades verdadeiras e recíprocas resistem; as outras não. Daí que a vida funcione como um poderoso e natural filtro social que está encarregue de ir resumindo os nossos laços a quem vale verdadeiramente a pena.
São os comportamentos (ou a ausência deles) que lubrificam este tipo de filtragem.
No nosso caso específico, o passado recente tem vindo a dar-nos instruções negativas sobre esta temática:
1) pessoas que literalmente nos desprezam em espaços públicos (a sala da pastelaria tem a área de uma sala média de um apartamento e só lá estavam o nosso grupo de 4 adultos e 2 crianças barulhentas e irrequietas, numa mesa, e o par do qual fazia parte a pessoa em questão, noutra mesa; ficam, portanto, todas as dúvidas desfeitas exceto uma: porquê o desprezo?...);
2) pessoas que se afastam porque, em convívios com outras (aniversários, por exemplo), afirmam que não gostam ou não conhecem os outros nossos amigos (isto é um misto de sociopatia + infantilidade digna do ensino preparatório - e estamos a falar de gente na casa dos 30, com filhos, casa própria, empregos e contas para pagar...);
3) pessoas que pensam, consciente ou inconscientemente, que as amizades sobrevivem com silêncios prolongadíssimos, ausência crónica de iniciativas de convívio e unilateralismo consentido por quem não se "mexe" (é triste ir a um casamento de bons amigos e não levar sequer um postal ou papel escrito com um mínimo sentido de planificação - até porque os noivos são muito pouco materialistas -; vá lá que a noiva se lembrou de disponibilizar uma mesa com papel e canetas para quem quisesse escrever alguma coisa...);
Felizmente, também temos aprendido muito com atitudes fantásticas de outras pessoas (Amigos a sério):
1) "Venham cá lanchar/jantar a casa!" (os putos estão adoentados e aquela casa fica um caos mas o que interessa é o convívio com verdadeiros amigos);
2) "Nós pagamos a vossa noite de núpcias!" (onde? na "Pensão Estrelinha"? não, naquele resort "fraquinho" de Óbidos - Praia d'El Rey Golf & Beach Resort - e ainda levam com uma massagem a dois);
3) "Vamos lanchar no P. Nações, pagamos os gelados e ainda gastamos mais de 30€ num talho gourmet para vos servirmos o jantar na nossa casita, ok?" (apanhei um escaldão neste dia mas não consegui largar nada da carteira, nem uma moeda de níquel...);
4) "Vamos ser pais e é muito importante para nós que o soubessem cara a cara e não via telemóvel ou internet." (obrigado pelo gesto, "sr. e sra. Sprou");
5) "Esperamos que gostem das nossas prendas de casamento/batizado; são fraquinhas mas são dadas com muito amor (sim, M. e A., são coisas nitidamente humildes - a começar pelo prato de dezenas de € da Vista Alegre...);
6) Gosto tanto de vocês e também por isso é que me custa tanto retomar a minha campanha de emigrante (fica tranquila, "Godmother"; quando regressares definitivamente a Portugal ainda teremos dezenas e dezenas e dezenas de anos para convivermos, rirmos e passearmos!)
Moral da história: poucos, mas bons :)
Dizes que não somos materialistas mas na tua lista de boas frases/atitudes falas demais em dinheiro. Eu cá já só fico contente quando me convidam, nem que seja para dar um passeio sem gastar um tostão.
ResponderEliminarDefinitivamente, não somos materialistas; apenas quis salientar os gestos, atitudes e sentimentos em relação a nós que estão inerentes aos "mimos" destas grandes pessoas que são os nossos amigos.
ResponderEliminarOh que fofinho e eu nunca tinha lido este post, Sr. Toupeira!! Também gostamos muito de vocês e, muito especialmente, gostamos muito da amizade que têm também pelos nossos crianços ;)
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