quinta-feira, 28 de agosto de 2014

"Tu tens o teu men e eu tenho a minha lady"

Atenção, infiéis amorosos: aprendam com o grande Anselmo Ralph e o seu hit "Curtição" (pensavam que o homem só tinha jeito para acalmar os ânimos das multidões de Cascais, querem ver?!?!).

Eu, que adoro (ODEIO) kizombadas, submeti-me ao prazer (HORRIPILANTE SACRIFÍCIO) de ouvir esta música até ao fim, absorvendo os profundos ensinamentos transmitidos pela letra.

Basicamente, o homem meteu os palitos à "lady" dele (vejam o videoclip, que é bastante ilustrativo NOT...) e a letra constitui a conversa que ele tem com a moçoila do affair depois de a ter "malhado". O problema é que esta rapariga não sabia que "o plano [entre eles] era só uma curtição", vendo-se o Anselmo obrigado a abrir-lhe os olhos: "Deixa acordar-te agora pois tu estás a confundir".

É que o grande argumento do homem, em especial depois do "bunga-bunga" com a outra tipa, é extremamente válido: "sempre soubemos que tu tens o teu men e eu tenho a minha lady" (atenção ao enorme conhecimento de inglês do Ralph, que diz que a babe não tem um man mas sim um "men" - se calhar são mais...).

Está visto que o Anselmo é um gajo muito sério: "eu tenho o meu amor e não a vou deixar / Sempre soubeste que...ooo" (este "ooo" cala a boca a todos os céticos relativamente à lealdade do homem...).

Ou seja, não há nada como meter os chifres à "lady" e depois descobrir que ela é "um grande amor", tendo de "aprender a lhe dar valor" (grande nível de português!...).

Agora vem a grande parte épica e de pura catarse da letra: "É que depois do prazer só resta culpa (LINDO!) / Eu tou cansado de pedir «amor desculpa» / Eu quero ser um homem que saiba dar amor / Ela merece ter um amor fiel (LINDO, LINDO, LINDO!!!)".

Segue-se a recomendação final: "vai no teu homem (ou o português continua a ser de grande qualidade ou o men é também um veículo) que eu vou para a minha mulher / trata bem o teu homem que eu vou tratar também da minha mulher" (assim é que é: "bunga-bunga" mas depois vamos dar festinhas nos nossos chifrudos).

Para fechar em beleza, a auto-flagelação misturada com o apelo religioso: "Está errado (do do do) - este triplo "do" enfatiza indubitavelmente que a atitude dele foi errada - magoar quem ama / Deus me ajude, que me perdoe por magoar quem ama".

Caramba, Anselmo, fazes uma traição parecer tão certa e natural. Basta encornar e depois dar com os pés na partner do affair, sobrevalorizar quer a "lady" dos palitos, quer o "men" chifrudo e depois pedir a ajuda e o perdão divinos.

Easy and clean! OOO, DO DO DO!

Aprende com isto, Bill Clinton!


















segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Leonores

No outro dia, a caminho do nosso spot favorito para lanches, estremeci cá por dentro quando a Clara tropeçou e esfolou os joelhos na gravilha.

No outro dia, fiquei com a sensação de que ninguém da família da Leonor estremeceu quando ela entrou em paragem cardiorespiratória por ter sido queimada em água a ferver, acabando por morrer. A Leonor tinha quatro meses e, pelos vistos, vinho no estômago.

Há uns anos, fiquei com a sensação de que as únicas pessoas da família da Joana Cipriano que estremeceram foram aquelas que, aparentemente, pensaram que a polícia ainda poderia encontrar "vestígios" da menina na pocilga. A mãe da Joana chama-se Leonor.

Duas Leonores nos pontos opostos de uma constatação seca e triste: definitivamente, não escolhemos onde nascemos.

Clara, nossa rica menina, espero que estejas feliz com a escolha de nascimento que nós e o destino fizemos para ti.

Quanto às Leonores desta história, bem, digo que talvez seja melhor uma criança crescer traumatizada (?) na escola por ter dois pais homossexuais do que ser morta, esquartejada e atirada aos porcos pelos pais heterossexuais.

Mas isto sou eu com as minhas manias parvas do tipo "viva a vida, abaixo a morte!"...