segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Leonores

No outro dia, a caminho do nosso spot favorito para lanches, estremeci cá por dentro quando a Clara tropeçou e esfolou os joelhos na gravilha.

No outro dia, fiquei com a sensação de que ninguém da família da Leonor estremeceu quando ela entrou em paragem cardiorespiratória por ter sido queimada em água a ferver, acabando por morrer. A Leonor tinha quatro meses e, pelos vistos, vinho no estômago.

Há uns anos, fiquei com a sensação de que as únicas pessoas da família da Joana Cipriano que estremeceram foram aquelas que, aparentemente, pensaram que a polícia ainda poderia encontrar "vestígios" da menina na pocilga. A mãe da Joana chama-se Leonor.

Duas Leonores nos pontos opostos de uma constatação seca e triste: definitivamente, não escolhemos onde nascemos.

Clara, nossa rica menina, espero que estejas feliz com a escolha de nascimento que nós e o destino fizemos para ti.

Quanto às Leonores desta história, bem, digo que talvez seja melhor uma criança crescer traumatizada (?) na escola por ter dois pais homossexuais do que ser morta, esquartejada e atirada aos porcos pelos pais heterossexuais.

Mas isto sou eu com as minhas manias parvas do tipo "viva a vida, abaixo a morte!"...


1 comentário:

  1. Mais uma vez...a ignorância é a base da felicidade. Há notícias de que eu gostava de não saber. O meu único consolo nesta história da bebé é pensar que talvez ela tenha nascido para salvar o irmão de 18 meses, que foi imediatamente retirado aos pais assim que a policia soube do que se tinha passado.

    Minha rica menina, quando oiço estas coisas só me apetece envolvê-la numa super bolha e protegê-la de todas das bestas do mundo. Estas histórias deixam-me triste.

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